sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O AR EM MOVIMENTO

A pressão atmosférica varia na vertical e varia também, embora em menor escala, na horizontal. A heterogeneidade na distribuição horizontal da pressão vai criar forças que são as grandes impulsionadoras do movimento do ar; trata-se das forças de gradiente de pressão ou, simplesmente forças de pressão.




O gradiente de pressão consiste na variação da pressão atmosférica segundo uma direcção perpendicular às isóbaras e dirigido para os valores mais altos da pressão. Se, numa área extensa, a pressão atmosférica não variar, o gradiente de pressão é nulo nessa região.



A força de gradiente de pressão, resultante da variação horizontal da pressão atmosférica, tem uma direcção também perpendicular às isóbaras, mas no sentido das baixas pressões. É esta força que impulsiona o ar a deslocar-se das altas para as baixas pressões.



Quando o ar se move, tem que se considerar o factor rotação da Terra. Para um observador situado na superfície terrestre, há um desvio no movimento do ar, que resulta de o observador acompanhar o movimento de rotação da Terra. Assim, para um observador à superfície da Terra, existe uma força que faz desviar o movimento do ar da sua trajectória inicial, encurvando-a. Esta força de inércia chama-se força de Coriolis. A intensidade desta força é proporcional à intensidade do vento e varia com a latitude; no equador é nula e nos pólos é máxima. No Hemisfério Norte o desvio do movimento do ar, resultante da actuação desta força, é para a direita e no Hemisfério Sul é para a esquerda.



Outra força que actua sobre o ar é a força de atrito. Esta força é gerada sempre que existe movimento relativo entre o ar e a superfície do globo ou entre camadas de ar adjacentes. O seu efeito consiste em reduzir a intensidade do vento e em desviá-lo no sentido das baixas pressões. À superfície do Globo, o efeito do atrito é maior sobre terra do que sobre o mar. Acima da camada de atrito, que tem cerca de 1 km de espessura, o atrito torna-se desprezável.



Se o ar se deslocar numa região onde não haja atrito e se as isóbaras forem rectilíneas, estabelece-se um equilíbrio entre a força de gradiente de pressão e a força de Coriolis, como mostra a figura 3, e o ar segue um movimento rectilíneo e uniforme - trata-se do vento geostrófico.





 Equilíbrio entre as forças de gradiente de pressão e de Coriolis. O ar segue um movimento rectilíneo e uniforme - trata-se do vento geostrófico.

No caso de as isóbaras serem curvilíneas, o ar passa a ser actuado também pela força centrífuga. Não havendo atrito, estabelece-se agora equilíbrio entre as três forças: de gradiente de pressão, de Coriolis e centrífuga. Neste caso, o vento também vai ser paralelo às isóbaras, como mostra a figura 3, para o Hemisfério Norte: em (a) no caso de um centro de altas pressões e em (b) no caso de um centro de baixas pressões.




 Movimento do ar em torno de um centro de altas pressões no Hemisfério Norte.

 Movimento do ar em torno de um centro de baixas pressões no Hemisfério Norte.

Nas camadas baixas da atmosfera, onde não se pode desprezar o atrito, tem que se considerar o seu efeito: o vento deixa de ser paralelo às isóbaras e passa a cruzá-las, no sentido das baixas pressões. As figuras 3.a e 3.b mostram, também para o Hemisfério Norte, o movimento do ar em torno de um anticiclone e de uma depressão, no caso de haver atrito.



 Movimento do ar em torno de um centro de altas pressões no Hemisfério Norte, considerando o atrito.

 Movimento do ar em torno de um centro de baixas pressões no Hemisfério Norte, considerando o atrito.

Pelo facto de, no Hemisfério Sul, o sentido do desvio na direcção do vento ser para a esquerda, a circulação do ar em torno de um anticiclone e de uma depressão é também no sentido contrário àquela que acontece no Hemisfério Norte.


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